Ao longo dos meus 20 anos de trajetória na área de consultoria, cursos e palestras, eu aprendi algumas coisas que são cruciais para a sustentabilidade e manutenção do meu trabalho como consultor. Digo “meu trabalho” porque a opção de ser consultor traz junto a liberdade, a possibilidade de conhecer diversas pessoas e organizações. Mas, traz junto também a necessidade de fazer por si, ou seja, ser o seu próprio vendedor e administrador. Percebo que muitas vezes, estes dois fatores são os grandes desafios de muitos profissionais, que mesmo tendo uma boa bagagem e conhecimento nos temas que atuam se não desenvolverem as habilidades de administração do seu negócio e de sua carreira e, principalmente a capacidade de prospectar o mercado, talvez tenham muitas dificuldades. Por isso que o título deste artigo é uma interrogação: será que é o mercado que se movimenta ou nós que movimentamos o mercado? Quero dar uma opinião com base na minha experiência e conhecimento.
Com certeza, nós que temos que movimentar o mercado. Se não houver um movimento nosso, de forma proativa, para nós o mercado estará parado. Costumo dizer que não devemos esperar que as oportunidades venham bater à nossa porta, nós que temos que bater na porta das oportunidades. Ou seja, nós que temos que criar as oportunidades para o desenvolvimento dos nossos objetivos. Não estou dizendo que temos que nos jogar, nos oferecer, não, a ideia é criar situações que possibilite que sejamos lembrados na hora das oportunidades.
Lembro-me bem de uma passagem em minha carreira, que fui contratado por várias empresas no centro do país, para palestrar. Entre elas, Vale do Rio Doce, Usiminas, Casa da Moeda e Oi. Todos estes negócios surgiram em função de uma palestra que dei no Congresso Brasileiro de Qualidade, no Rio de Janeiro. Mas, como cheguei a este Congresso? Na época eu era o Presidente da Associação Gaúcha para a Qualidade e nós organizávamos o Congresso Gaúcho de Qualidade e Produtividade. Lembro-me bem que a Comissão organizadora disponibilizou a oportunidade de realizar palestras simultâneas aos consultores associados à AGQ. Mas, para a participação, o consultor precisava escrever um artigo sobre a sua palestra e mandar para a análise e aprovação da Comissão. Gostei do desafio e logo desenvolvi o meu artigo e estruturei a minha palestra. Mas, como eu era o Presidente, já estava decidido que eu só realizaria a palestra se não houvesse outros consultores aptos também. No final da história, apenas eu e mais uma consultora preparamos o artigo e material para a análise da Comissão. De forma justa, fui escolhido para palestrar no Congresso, que tinha convidados da UBQ do Rio de Janeiro, da UBQ de Minas e do Espirito Santo. Ao assistirem a minha palestra, gostaram e me convidaram para palestrar no Congresso Brasileiro. A partir desta palestra no Congresso Brasileiro surgiram todas as oportunidades referidas anteriormente. A pergunta que faço: como estas empresas do centro do país iriam conhecer o meu trabalho se eu não tivesse me movimentado e criado estas oportunidades? Outra pergunta importante: quantos consultores deixaram de aproveitar esta oportunidade e depois, talvez até se queixassem que o mercado estava parado?
Através da ilustração desta história que aconteceu comigo, reforço a importância de articularmos o movimento com mercado, criando alternativas, diversificando as possibilidades, conhecendo pessoas que possam nos dar oportunidades, desenvolvendo trabalhos voluntários, mas que possam nos trazer visibilidade. Jamais perder o tempo das oportunidades que aparecem. O tempo é um fator muito importante em termos de oportunidades, à medida que não fazemos o que tem que ser feito no tempo necessário, as oportunidades cruelmente, nos abandonam. Portanto, reforço que de fato somos nós que temos que movimentar o mercado, de forma proativa, criando as oportunidades para o desenvolvimento na nossa carreira. Desta forma, o mercado estará sempre em movimento para nós.